terça-feira, 23 de março de 2010

Ele é soropositivo. E agora?

Conversando com um amigo virtual na semana passada ele desabafou comigo seu drama. Me contou que estava conhecendo um carinha e rolando uma grande identificação entre eles, e tudo parecia caminhar para um namoro, mas de repente o cara ficou muito estranho e se afastou. E esse meu amigo ficou perdido sem entender a atitude do tal garoto.
Decidindo procura-lo e coloca-lo contra a parede, qual foi sua surpresa quando o menino confessou pra ele que era portador do vírus da AIDS.
Hoje meu amigo virtual encontra-se ainda mais perdido que antes e sem saber que atitude tomar.
Ele gosta do tal garoto, tem um carinho todo especial por ele, mas ainda não é amor! Então fica a dúvida: Será que vale a pena ficar com esta pessoa e viver uma vida de riscos? Não seria mais fácil encontrar alguém saudável e assim ter uma vida sexual mais tranquila e sem muitas limitações? Mas por outro lado será que não é muito preconceito e falta de amor ao próximo abandona-lo justamente no momento que o mesmo mais precisa de alguém? Com quantos carinhas será que esse meu amigo ainda vai deitar e quem sabe até mesmo namorar sem ao menos saber se os mesmos são soropositivo? Não seria melhor ficar com este que pelo menos foi sincero com ele?
Realmente são muitas as perguntas, e as respostas só podem ser dadas por alguém que está vivendo isto na pele! É muito fácil estarmos de fora e dizer: Ah se você gosta dele de verdade tem que ficar com o cara de qualquer jeito, tem que ser na alegria e na tristeza, na saúde e na doença e blá blá blá...É fácil falar isso quando não é nossa saúde que está em risco!
Do mesmo jeito que é cômodo dizer: Cara, parte pra outra! Existem mil garotos sem essa doença e você poder ser feliz de verdade e sem grilos! (Muito fácil mesmo!)
Porque existem situações (como essa) que não podemos dar conselhos, opinar! Isso é extremamente pessoal. Apenas quem está passando pela situação sabe onde lhe aperta o "calo".
Até podemos dizer o que faríamos na mesma situação (isso também é fácil) mas dizer o que o outro deve fazer, jamais!
Eu tenho toda certeza que jamais abandonaria um namorado que amo e que já estou com ele há um certo tempo apenas por ter descoberto que ele é portador do vírus. Me sentiria um pouco traído no inicio por não ter me contado antes, mas o meu amor por ele falaria mais alto e jamais o abandonaria.
Mas não é este o caso! Eles não estão juntos há um longo tempo e nem tão pouco se amam. Estavam apenas caminhando para um relacionamento que poderia dá certo (ou não) independente de qualquer coisa. E sendo assim fica bem mais difícil arriscar!
Então o que eu posso dizer ao meu amigo virtual e a todos os outros que de repente estejam passando pela mesma situação, é que analisem bastante o fato e pesem na balança o que for mais importante pra você!
Não esquecendo que ser portador do vírus da AIDS não é ser aidético. Existe uma grande diferença em estar com o vírus da AIDS e estar com AIDS! Portanto não encare isso como uma sentença de morte! Seu parceiro não vai morrer amanhã por ser positivo! Pode morrer de acidente de carro, bala perdida, assalto, acidente doméstico e etc e tal...Do mesmo jeito que você também está sujeito a estas coisas.
Existem pessoas que são portadoras do vírus há anos e levam uma vida quase que normal, sem muitas restrições.
Então antes de tomar qualquer decisão primeiro conheça a situação e depois veja o que mais importante é pra você!

Um comentário:

  1. Já aconteceu comigo. É verdade que a gente não quer se reconhecer com uma série de preconceitos. Oh, tempos modernos infernais!!! Somos todos super-homens e ai de nós, no dia-a-dia, termos algum defeito; Ai de nós não sermos reis de todas as cores de cocadas!

    Porque a gente até pode admitir nos blogues, nas conversas com colegas, nos momentos de convalescença ou de quaisquer traumas que passamos na vida, que temos defeitos, mas não bobeamos, em geral, nem na frente do espelho.

    E o preconceito é um "defeito", digamos. Não um grave, não um permanente. Sequer nascemos com ele! Na verdade ele não é NOSSO, mas de alguma forma ele vem, se instala e quando menos percebemos, o carregamos como se fosse parte de nossos valores, de nossa moral.

    Um namorado portador do HIV? Que bom que ele foi sincero. Por qual motivo? Bem, são vários! Quem sabe ele jogou o que pra ele tb é uma bomba - pra ver o que sobra?

    Talvez ele tenha pensado: "Vou dizer logo, antes que eu me apaixone". Enfim, pode ter sido uma estratégia de auto-defesa.

    Pode ter sido pura sinceridade, de alguém que leva a questão tão simples como se dissesse que é destro ou de escorpião.

    Mas o fato é que ele contou. O que fazer?

    Dizer-lhe algo como "isto é novo para mim mas estou gostando de você e se me der a chance quero ver como lido com isso", me parece muito legal!

    Por sorte, trabalhei como agente de prevenção voluntário no Programa Municipal de DST/Aids de SP. Profissionais do sexo, travestis ou não; Transexuais... Bem, não eram grupos com os quais eu tivera antes, contato.

    Mas para minha surpresa meu preconceito era "teórico". Nem sei se isso existe, muito possivelmente não!

    Mas o que quero dizer é que o preconceito que eu mais ou menos admitia para mim, não se sustentou! Desde o primeiro contato, essas pessoas me foram tão... "simplesmente pessoas", que até me regojizei.

    E querido Sex, me atrevo a dizer que a questão não é tão pessoal, pois é justamente algo que não brota da própria pessoa. Como se pode ver, o preconceito é "algo aprendido", não nato!

    Vem de fora! Portanto da sociedade; De outros!!!

    Penso que se pode dar conselhos e opinar, sim, mas não baseados nos próprios umbigos.

    Antes de tudo, o conselheiro ou opinador tem um papel moral de se perguntar se ao dar a opinião, ela não estará cheia de preconceitos, desinformações.

    Eu namoraria e já namorei uma pessoa soropositiva.

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